
Neste domingo, 17 de agosto, Glória do Goitá será palco de um espetáculo que vai além das notas musicais: a abertura da 2ª Turnê da Orquestra de Câmara Meninos e Meninas da Alegria. Formada por 24 jovens músicos, a maioria filhos de agricultores da Zona da Mata Norte de Pernambuco, a orquestra é prova viva de que a arte pode romper barreiras e criar oportunidades onde antes havia somente silêncio. “Essas crianças e adolescentes nunca tiveram acesso à música erudita. Hoje, não só tocam, mas encantam o público com uma entrega emocionante”, destaca o maestro Leonardo Oliveira.
O sucesso da primeira turnê, em 2024, motivou a ONG Giral a voltar aos palcos com ainda mais energia, celebrando seus 18 anos de história. O novo espetáculo, “Tocando o Nordeste”, une o repertório clássico de compositores como Vivaldi e Mozart a ritmos regionais como baião, xote e frevo, incluindo arranjos especiais de “Anunciação”, “Feira de Caruaru” e “Asa Branca”. “A cada ensaio, a gente vê mais que técnica: vemos autoestima, disciplina e o orgulho de representar suas comunidades”, afirma o maestro Jonatas Araújo.
Entre as histórias que a orquestra ajudou a escrever, está a de Isaac Inácio da Silva Teixeira, 23 anos, natural de Feira Nova. Filho de um pedreiro e de uma agricultora, Isaac conheceu a música aos 14 anos, com um violoncelo emprestado. Quase desistiu quando seu primeiro projeto social fechou, mas foi resgatado pela Giral. “Aqui aprendi que a música não é só som, é uma forma de mudar vidas. Hoje, estar na Orquestra Sinfônica de Pernambuco é um sonho que nasceu nessa sala de ensaio”, revela.
O impacto da orquestra vai além do palco. Para a comunidade, cada apresentação é um ato de resistência cultural e de afirmação da identidade nordestina. É também um lembrete de que talento não tem endereço fixo e pode florescer onde há oportunidade e incentivo. A iniciativa já mudou a realidade de centenas de jovens e segue como um dos projetos mais importantes de democratização da cultura na região.
Para o presidente da ONG Giral, Leonildo Moura, a segunda turnê é a confirmação de que vale a pena investir na arte como caminho de transformação. “Acreditamos que a música pode mudar destinos. Esses meninos e meninas são a prova viva disso. Ver o brilho nos olhos deles e o reconhecimento do público é o combustível para seguirmos transformando vidas por meio da cultura.”
