Vereadores de Camaragibe recebiam diárias e participavam de eventos que não existiam. As irregularidades abrangem o período de  2017 a 2022

As mesmas empresas movimentavam mais de 550 Contratos com Prefeituras e Câmaras em Pernambuco

De acordo com um levantamento realizado pelo portal Tome Contas, do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), as empresas IMB e Inovação, que foram identificadas como “inequivocamente fantasmas” pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), possuem um total de 557 contratos com diversas Prefeituras e Câmaras Municipais em todo o estado.

Os contratos, que abrangem o período de 2017 a 2022, referem-se a inscrições de agentes públicos em congressos promovidos por essas empresas, totalizando um custo de R$ 2.562.150 ao erário, sem considerar as diárias também pagas com recursos públicos.

O MPPE alega que essas empresas estariam envolvidas em um esquema que permitia a vereadores de Camaragibe, na região metropolitana do Recife, receber diárias por participações em eventos que, segundo a promotoria, “comprovadamente não existiam”. Essa situação foi divulgada pelo Diário de Pernambuco no dia 19 de fevereiro.

Embora os proprietários das empresas sejam pernambucanos, ambas estão registradas com endereços em outros estados. Os dados do TCE-PE indicam que apenas 15 dos 557 contratos com o poder público foram firmados para eventos realizados em Pernambuco, representando apenas 2,7% do total. Geralmente, as diárias para compromissos fora do estado são superiores.

O Ministério Público de Contas (MPCO) expressou sua convicção de que existia um esquema fraudulento para permitir que vereadores e servidores obtivessem diárias sem interesse público real.

O procurador responsável pela investigação comentou que os ganhos do IMB em Pernambuco totalizaram R$ 1.551.250 em quatro anos. Ele questionou se esse valor era condizente com a estrutura da empresa, que não apresenta meios adequados de divulgação e não possui sede própria.

O advogado Geraldo Júnior, que atuou na defesa do IMB, alegou que todos os eventos foram realizados e que não houve irregularidades. No entanto, ele não apresentou provas para sustentar sua defesa.

O presidente da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) afirmou não conhecer as empresas citadas e defendeu que todos têm direito a diárias. Ele enfatizou a disposição para colaborar com órgãos de controle caso houvesse conhecimento de práticas ilegais.

A lista de contratos abrange diversas Câmaras Municipais e Prefeituras em Pernambuco, refletindo a abrangência do suposto esquema de “eventos fantasmas”.