Junho Laranja acende alerta sobre prevenção das queimaduras
Profissionais do Hospital da Restauração, no Recife, referência no atendimento e tratamento de queimados, destacam os cuidados para evitar os acidentes
O mês de junho começa com alerta em relação à saúde. Por causa das comemorações do Dia de Santo Antônio (12), São João (24) e São Pedro (29), quando tradicionalmente as famílias se reúnem para acender fogueiras e fazer uso de fogos de artifício, aumenta a vulnerabilidade em relação a queimaduras, e, consequentemente, o número de pessoas queimadas. Por isso, o Hospital da Restauração (HR) e a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) aproveitam o dia 6 de junho - Dia Nacional de Luta contra Queimaduras - para conscientizar a sociedade sobre o assunto. Este ano, o slogan da campanha da Sociedade Brasileira de Queimaduras é ‘Não se choque, eletricidade queima’.
Em mais de metade dos casos, as queimaduras são acidentes evitáveis, o que exige atenção e cuidado das pessoas, sobretudo nesta época do ano. “Temos de trabalhar cada vez mais a prevenção desse tipo de acidente, que vai mais além dos cuidados com fogos e fogueiras. As escaldaduras (provocadas por líquidos quentes), o mau uso de eletricidade e a fumaça, por exemplo, também são causas comuns de queimaduras que chegam ao nosso serviço”, afirma o médico Marcos Barretto, chefe do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HR.
Para ele, as precauções devem começar dentro de casa, principalmente com as crianças. “Manter os pequenos longe da cozinha, onde as pessoas costumam colocar panelões no fogo, para preparar as comidas. Nunca dar fogos de alto teor explosivo a crianças, porque causam grandes estragos. A venda de fogos a crianças, inclusive, é proibida”, alerta Marcos Barretto, que está à frente da CTQ há mais de 35 anos.
Entre os adultos, a ingestão de bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de acidentes, assim como o mau uso da eletricidade e do manuseio dos fogos de artifício. “Beber cerveja ou outras bebidas alcoólicas e acender fogueira não combinam. As fogueiras devem ser baixas, com até um metro, e utilizar combustíveis adequados para acendê-las. Temos de evitar também fazer os puxadinhos na eletricidade para preparar a iluminação na rua, isso deve ser feito acionando os órgãos responsáveis. Lembrar de ler as instruções antes de utilizar os fogos também evita danos, como lesões na pele e a perda de parte ou do membro, por exemplo”, explica o médico.
Outro alerta do chefe da CTQ do HR é em relação à fumaça. “Tem um grupo específico de pessoas que têm problemas e não podem ser expostos à fumaça, como as asmáticas, as que têm insuficiência respiratória e também quem tem insuficiência cardíaca. A fumaça é tóxica e prejudica ainda mais o bem-estar dessas pessoas”, finaliza. Em caso de queimadura, a orientação é colocar o ferimento em água fria corrente, cobrir com um pano úmido e limpo e procurar o serviço de saúde, para ser feito o curativo adequado, evitando possíveis infecções.
Ao longo do ano, são atendidas em média no HR 3 mil pessoas queimadas. Desse total, apenas 2% têm como etiologia os fogos. No mês de junho, esse número torna-se representativo porque chegam 50 pacientes em um período de tempo curto, gerando sobrecarga de trabalho para os profissionais e de sofrimento.
“O Hospital da Restauração sempre está pronto para prestar assistência a quem necessita. Reforçamos os insumos utilizados no tratamento das queimaduras. No entanto, a prevenção é a mais importante aliada nossa, porque vai contribuir não apenas para evitar o dano no paciente, e, também, a não sobrecarregar o hospital”, afirma o diretor geral do Hospital da Restauração, Petrus Andrade Lima.
SERVIÇO - O Centro de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital da Restauração é referência no atendimento e tratamento de queimaduras, com demanda espontânea. Acolhe, diariamente, entre 8 e 10 pacientes, de várias causas. Localizada no segundo andar do hospital, a estrutura conta com 40 leitos divididos em três enfermarias (pediátrica, feminina e masculina). As equipes multiprofissionais são compostas por enfermeiras (os), técnicas (os) de enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e médicas (os) de especialidades como Clínica Geral, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Pediatria. Em alguns casos, de acordo com a extensão das lesões, outros especialistas assistem o paciente, como ortopedistas e vasculares.
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